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ERMIDA DE SANTO ANTÓNIO

     A Ermida de Santo António, ao que tudo indica mandada construir por D. João IV, embora não se conheça diploma, situa-se no cimo da rocha do Zambujal, onde, pelo mesmo período, foi erguido o Revelim de Santo António em forma de ferradura com catorze troneiras e respetivos leitos.

     De estilo maneirista e barroco, a Ermida de Santo António, de planta longitudinal, é composta por nave única, capela-mor, sacristia e demais dependências anexas. A nave principal, rebocada a branco, é pavimentada por tijoleira interrompida ao centro por dois túmulos, o de Domingos Martins Mascarenhas e o de sua mulher, e coberta por uma abóbada de berço única também rebocada a branco.

     Esta é preenchida em cerca de um terço do comprimento e até a altura do arranque da abóbada, em ambos os lados, por espaldares de madeira pintados contendo na zona inferior marmoreados fingidos e na zona superior tábuas alusivas à Vida de Santo António enquadradas por cercaduras vegetalistas e colocadas em conjunto de duas. Do lado esquerdo, sobre a pintura mais próxima do arco triunfal, construiu-se um púlpito paralelepipédico de madeira pintada.

     Entre este espaldar e o arco triunfal, desenvolvem-se dois retábulos de madeira, um de cada lado e idênticos entre si, datáveis de meados do século XVIII. Ambos são compostos pela mesa de altar cujo frontal, em composição tripartida, é decorado por rosetas revestidas por talha pintada; pelo nicho, contendo o do lado direito uma imagem de Nª Sª de Fátima e o do lado esquerdo uma imagem da Nª Sª da Conceição; e pela estrutura em arco de volta perfeita assente em pilastras, decorada por volutas de tons acastanhados e sobrepujada por uma coroa. O arco triunfal de volta perfeita e rebocado a branco, assenta em impostas e pés direitos pintados em tons de verde.

     A capela-mor, elevada sobre um degrau, é pavimentada por tijoleira e coberta por uma abóbada de berço, revestida por oito caixotões de madeira pintados com cenas da vida de Santo António. Nos alçados laterais abrem-se duas portas simples seguidas de mais duas pinturas da vida de Santo António.

   Na parede fundeira desenvolve-se o retábulo-mor cujo corpo principal é dividido em cinco panos definidos por colunas pseudosalomónicas, sendo o central um nicho para albergar a figura de Santo António com o Menino ao colo do século XIX, protegido por uma vitrine; os dois laterias que rodeiam este central decorados por molduras a imitar mármore e peanhas com imagens escultóricas sobre elas; e os extremos revestidos por folhas de palmeira azuis sob fundo castanho. O embasamento é decorado por cartelas e molduras a imitar mármores e o coroamento, que acompanha a forma semicircular da abóbada, apresenta decorações de acantos, enrolamentos e folhagens.

      Existe ainda um altar feito de pedra encostado à parede fundeira colocado sobre um degrau semicircular.

    

Rita Dias Esteves, 2020

Bibliografia:

  • MOREIRA, Maria da Conceição, “Povoamento, Construção. Habitação” in Apontamentos Históricos sobre Castro Marim. Lisboa: Secretaria do Estado do Ordenamento e Ambiente (serviço nacional de parques, reservas e património paisagístico), 1978.

  • LAMEIRA, Francisco, Inventário Artístico do Algarve. A talha e a imaginária. Volume 6 – Concelho de Castro Marim. Faro: Secretaria de Estado da Cultura, Delegação Regional do Algarve, 1991.

  • ALMEIDA, José António Ferreira de (coord.), Tesouros Artísticos de Portugal, página 191-92. Lisboa: Reader’s Digest, 2º Edição, 1982

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